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Quando a terra sêca se delicia com a água da chuva, um odor mágico inunda a minha alma. Transformo-me, então, num espírito vagueante que flutua pela imensidão do Ser.
Desta vez pensei na brevidade da vida, ou melhor, na sua velocidade! Quando damos por ela já demos tantos passos pelo areal da Terra que... Puff!... Apesar de, dizem, a idade estar no espírito, o tempo não volta atrás. As saudades ou os arrependimentos do passado permanecem naquela caixinha teimosa, na mesinha de cabeceira, da memória.
Resta continuar a caminhar pelo areal térreo, com um sorriso, aprender com os erros cometidos (que são sábias lições) , comungar com os vivos e entrelaçar as mãos com os que estão vivos em nossos corações.

Recomendo a leitura do livro " O Rapaz do Pijama às Riscas", de John Boyne.
Não é grande, em número de páginas, mas é enorme em conteúdo! A história e a ficção aliam-se para mostrar à humanidade a pureza de alma que contrasta com a rudeza de coração. A infância é retratada em dois mundos opostos: a do sonho e a da escuridão.
Estes dois mundos são reais e actuais, se tivermos em conta as grandes diferenças, e cada vez mais marcantes, entre níveis socias. Existem verdadeiras crianças: as que sonham, que brincam, que comem, que estragam.... E existem aquelas que não podem sonhar porque nem o corpo nem a alma são alimentados...
Estas borboletas sem asas, sem cores, permanecem na escuridão... Era bom que a inocência e a pureza de alma reinassem no mundo e que o amor fosse incondicional, natural, verdadeiro.

Relaxar, espreguiçar-se, curtir, andar despreocupada como borboleta que pousa de flor em flor.
Férias é abrir a janela de casa e arejar a monotonia da vida. Podemos ter férias quando trabalhamos, se soubermos aproveitar o tempo, com o cabelo ao vento... Se pensarmos bem, férias não é ir até à praia, andar de chapéu-de-sol atrás, levantar cedo para ter lugar para o carro, ouvir 10 vezes por dia a lenga-lenga dos vendedores de hotéis... Isto chama-se canseira! Mais vale chegarmos a casa, a uma sexta-feira, depois de um dia de trabalho, tomarmos um banho relaxante, olharmos para os nossos com ternura e aproveitarmos cada instante... Assim sendo, em época de crise, nada adianta os queixumes constantes. Peguemos na nossa família e gozemos o prazer de nos termos uns aos outros, como a borboleta tem as flores!

Enovi Amag

Quarenta anos. Dois filhos. E ainda a incerteza do abalo: de ter de fazer as malas e partir para outro lugar, que só me permita o regresso a casa ao fim-de-semana (o que já não é mau)! Deixar os meus para estar com os de outros... Crianças como as minhas, é verdade, lindas e cheias de magia, que necessitam de criar raízes, crescer e florir. Mas... e as minhas? "Isso é problema meu" - dizem todos aqueles que são rudes de coração. Rude é esta profissão de missionário mártir, cuja recompensa passa pela crítica, pela avaliação, pelo espezinhar, pelo desvalorizar... Será que vivemos numa sociedade cega? Pior! Vivemos numa sociedade que não quer ver e que, como abutre, espera...

Enovi Amag